sábado, 26 de setembro de 2009

"...she parks her car outside my house
takes her clothes off..."


Counting Crows.




pra Dinho.




Essa é a enésima carta que te escrevo, desde aquela terça. Desde quando perdi o norte, o rumo de casa. Desde quando deixei cair a máscara e você viu a fraqueza sob toda pompa. É a milésima vez que escrevo sem a intenção de enviar, mas o exercício expurga o mal estar, e sigo ordenando os caracteres que, pelo menos dessa vez e embora longe de seus olhos, serão publicados.
Essa semana não foi fácil. Emagreci dois quilos (vou chegar lá, viu???), envelheci uns meses, emburreci uns 04 anos... Depois de a mulher maravilha ter se transformado numa qualquer, sujeitas às intempéries que hormônios ordinários sugerem, o mundo nem parou de girar. Nascimentos e óbitos, figurados e literais, dores, pressa, angústias de conta gotas, felicidades de balde, galões de confusões e lá se foi. Mais uma vez o telefone tocou, e não era você. Mesmo depois de ter me deixado esperando o almoço esfriar. Mais uma vez o mundo caiu, e não foi culpa sua, apesar do sorriso sem sal e da pouca vontade de contar verdades inconvenientes.
Escrevo num fim de sábado com gosto de doce de abacaxi com côco e quase posso ver sua expressão complacente e o balãozinho sobre sua cabeça, onde se lê "DRAMA! DRAMA! DRAMA!"... Sempre com razão. Acho que nunca conheci alguém assim, tão... Bem, eu não consigo definí-lo em uma palavra. Você é tão tantas coisas que tenho a impressão de que é isso, nunca conheci alguém que ocupasse tantos espaços de uma só vez, e com tamanha desenvoltura. Até para me deixar brava, e depois culpada por ter estado brava, você tem talento!
Durante o banho ensaiei milhões de coisas para escrever (ando tão superlativa!!!), mas todas se perderam na confusão que faço em mim. Confesso achar engraçada a incapacidade de manter o foco, minha impaciência pra uma coisa de cada vez e sei que é culpa minha não lembrar do que queria dizer, mas funciona mesmo assim! Já que o ensaiado não saiu, vou aproveitar pra dormir, esquecer o que passou e preparar para as novas de amanhã.